Daqui é a Raquel, e trago-vos um novo livro, que - como deu para reparar - me levou algum tempo a ler...
E o livro é «Os Interessantes» de Meg Wolitzer.
Meg Wolitzer é licenciada em Escrita Criativa pela Universidade de Brown, e já escreveu vários romances, dois dos quais já foram adaptados para cinema. Todos têm recebido excelentes críticas. De facto, «Os Interessantes» foi nomeado o melhor livro do ano pelo New York Times, o Washington Post e o Telegraph.
Então, este livro fala de seis amigos que se conhecem num campo de férias, o Spirit-in-the-Woods. É um campo de férias somente à volta da arte e para adolescentes talentosos e criativos. Estes seis amigos - Jules, Cathy, Jonah, Goodman, Ash e Ethan - vivem o Verão no campo de uma forma quase paralela ao mundo real, como se aquele fosse o único sítio em que podem, realmente, ser eles próprios e ser felizes. Auto-intitulam-se como sendo "Os Interessantes" e juram ser sempre interessantes, ter sempre as conversas importantes e inteligentes que têm na adolescência, ser, para sempre, as pessoas criativas, de mentes abertas, opiniões formadas que são durante os Verões no campo.
No entanto, todos sabemos que não é assim que acontece na realidade, e Meg Wolitzer leva-nos, com muitas analepses e paralepses, a conhecer o rumo que estas seis vidas tomam, desde que têm dezasseis anos até que têm os seus próprios filhos na faculdade. Alguns seguem o talento, outros 'desperdiçam-no', outros, ainda, descobrem que nunca o tiveram, realmente. Deparam-se com a vida fora do Spirit-in-the-Woods e fora da adolescência e são obrigados a tomar decisões mais importantes do que ser "Os Interessantes".
É bastante aterrador ler um livro destes durante a adolescência e perceber por um ponto de vista pormenorizado o que vai acontecer daqui para a frente. O que vai acontecer às amizades, as consequências que vão aparecer de tudo o que fazemos agora, os perigos, as dúvidas, as memórias. O que acontece às memórias? Será bom mantermos sempre a mesma amizade durante toda a vida? Ou será que isso nos prende a uma realidade que já não passa de uma memória? Qual é o papel da verdade nas nossas vidas? Compensa? Ou será que a mentira é uma melhor aposta?
É tudo isso, juntamente com os episódios da passagem para 2000, o atentado às Torres Gémeas, o desenvolvimento da tecnologia e a mudança dos hábitos da sociedade, que o livro descreve ao longo de 587 páginas e 50 anos de vida das personagens.
Fiquei muito bem impressionada com o livro - aliás, não conseguia parar de ler. Ler Meg Wolitzer é como ouvir um grande amigo nosso a falar connosco, a contar-nos uma história. Escreve como quem fala. É fácil, confusa no bom sentido, faz-nos pensar, faz-nos prestar atenção, e, mais importante, faz-nos pensar na nossa vida e no que esperamos dela. No que é o talento e se este existe, realmente.
Parece-me que será um livro no qual vou pensar durante muito, muito tempo.
«A exuberância era algo que se incinerava, e o pequeno bolbo ardente de talento permanecia e era elevado bem alto, para ser mostrado ao mundo.»
«Mas também, sabia que não era obrigatório casar com a alma gémea, nem sequer com um Interessante. Nem sempre se precisava de ser a pessoa estonteante, o centro das atenções, aquela que fazia com que todos rebentassem a rir, ou com quem todos queriam ir para a cama, ou ser aquela que escrevia e interpretava a peça que receia a ovação de pé. Era possível parar de se obcecar com a ideia de ser interessante. Fosse como fosse, ela sabia que a definição podia mudar; mudara, para si.»
E "Os Interessantes", o que responderam a todas estas questões? Para saberes isso, vais ter de ler o livro...
Espero que tenham gostado, e que fiquem curiosos ao ponto de pegarem nele!
Bom fim-de-semana e boas leituras.
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