O que nos trás por cá?

O que nos trás por cá?

Desde já, bem-vindos(as) à Nossa Biblioteca! Tal como o nome indica, neste blog iremos falar de livros, escritores e da arte de escrever. Se quiserem saber mais acerca de quem vos escreve, consultem as páginas abaixo. Somos, acima de tudo, duas raparigas apaixonadas por este mundo imaginário, mas por vezes real, que é a escrita. Decidimos então juntar-nos e criar um blog para vos dar a conhecer o que andamos a ler! Esperamos que gostem deste nosso projecto. Como costumam dizer que "somos o que comemos", nós por cá dizemos "somos o que lemos!".

sábado, 30 de maio de 2015

Os Interessantes, de Meg Wolitzer

Sábado de manhã: altura perfeita para acabar um livro! 
Daqui é a Raquel, e trago-vos um novo livro, que - como deu para reparar - me levou algum tempo a ler...





E o livro é «Os Interessantes» de Meg Wolitzer.

Meg Wolitzer é licenciada em Escrita Criativa pela Universidade de Brown, e já escreveu vários romances, dois dos quais já foram adaptados para cinema. Todos têm recebido excelentes críticas. De facto, «Os Interessantes» foi nomeado o melhor livro do ano pelo New York Times, o Washington Post e o Telegraph.





Então, este livro fala de seis amigos que se conhecem num campo de férias, o Spirit-in-the-Woods. É um campo de férias somente à volta da arte e para adolescentes talentosos e criativos. Estes seis amigos - Jules, Cathy, Jonah, Goodman, Ash e Ethan - vivem o Verão no campo de uma forma quase paralela ao mundo real, como se aquele fosse o único sítio em que podem, realmente, ser eles próprios e ser felizes. Auto-intitulam-se como sendo "Os Interessantes" e juram ser sempre interessantes, ter sempre as conversas importantes e inteligentes que têm na adolescência, ser, para sempre, as pessoas criativas, de mentes abertas, opiniões formadas que são durante os Verões no campo.

No entanto, todos sabemos que não é assim que acontece na realidade, e Meg Wolitzer leva-nos, com muitas analepses e paralepses, a conhecer o rumo que estas seis vidas tomam, desde que têm dezasseis anos até que têm os seus próprios filhos na faculdade. Alguns seguem o talento, outros 'desperdiçam-no', outros, ainda, descobrem que nunca o tiveram, realmente. Deparam-se com a vida fora do Spirit-in-the-Woods e fora da adolescência e são obrigados a tomar decisões mais importantes do que ser "Os Interessantes".

É bastante aterrador ler um livro destes durante a adolescência e perceber por um ponto de vista pormenorizado o que vai acontecer daqui para a frente. O que vai acontecer às amizades, as consequências que vão aparecer de tudo o que fazemos agora, os perigos, as dúvidas, as memórias. O que acontece às memórias? Será bom mantermos sempre a mesma amizade durante toda a vida? Ou será que isso nos prende a uma realidade que já não passa de uma memória? Qual é o papel da verdade nas nossas vidas? Compensa? Ou será que a mentira é uma melhor aposta?
É tudo isso, juntamente com os episódios da passagem para 2000, o atentado às Torres Gémeas, o desenvolvimento da tecnologia e a mudança dos hábitos da sociedade, que o livro descreve ao longo de 587 páginas e 50 anos de vida das personagens.

Fiquei muito bem impressionada com o livro - aliás, não conseguia parar de ler. Ler Meg Wolitzer é como ouvir um grande amigo nosso a falar connosco, a contar-nos uma história. Escreve como quem fala. É fácil, confusa no bom sentido, faz-nos pensar, faz-nos prestar atenção, e, mais importante, faz-nos pensar na nossa vida e no que esperamos dela. No que é o talento e se este existe, realmente.
Parece-me que será um livro no qual vou pensar durante muito, muito tempo.



«A exuberância era algo que se incinerava, e o pequeno bolbo ardente de talento permanecia e era elevado bem alto, para ser mostrado ao mundo.»

«Mas também, sabia que não era obrigatório casar com a alma gémea, nem sequer com um Interessante. Nem sempre se precisava de ser a pessoa estonteante, o centro das atenções, aquela que fazia com que todos rebentassem a rir, ou com quem todos queriam ir para a cama, ou ser aquela que escrevia e interpretava a peça que receia a ovação de pé. Era possível parar de se obcecar com a ideia de ser interessante. Fosse como fosse, ela sabia que a definição podia mudar; mudara, para si.»

E "Os Interessantes", o que responderam a todas estas questões? Para saberes isso, vais ter de ler o livro...

Espero que tenham gostado, e que fiquem curiosos ao ponto de pegarem nele!
Bom fim-de-semana e boas leituras.

domingo, 10 de maio de 2015

O Ano Sabático, de João Tordo

Olá! Espero que estejam a passar um bom fim de semana. Quem vos escreve é a Márcia.

Venho falar de João Tordo e do seu incrível romance "O Ano Sabático". João Tordo nasceu em Lisboa em 1975. Licenciou-se em Filosofia e estudou Jornalismo e Escrita Criativa em Londres e Nova Iorque. Trabalha como cronista, tradutor, guionista e formador em workshops de ficção.




Este romance foi a minha primeira experiência de leitura com o autor e foi espetacular! Pretendo ler todos os seus romances. Tem uma escrita concisa e direta, limpa e harmoniosa.




  A personagem deste romance, Hugo, vive em Montreal, é um contrabaixista e decide regressar a Portugal, o seu país de origem, para passar um ano sabático. Para quem desconhece, um ano sabático consiste num espaço de tempo que uma pessoa destina ao descanso, sem trabalhar e, neste caso, para por a ideias e a vida em ordem!

  Hugo viveu 13 anos em Montreal, onde aprendeu música, com imensos problemas: dívidas, vício alcoólico e drogas. Quando nem o seu companheiro Nutella - o nome do seu contrabaixo, por ser dessa cor - lhe consegue elevar a auto estima, decide, aconselhado pela sua amiga/amante Catherine, regressar para junto da sua família - tirar um ano de folga!

  Hugo espera, então, encontrar o equilíbrio na sua vida, mas acontece o oposto. Num concerto a que vai assistir, um pianista muito famoso, Luís Stockman, toca uma música de improviso. Hugo já a tinha composto na sua cabeça; nunca a tinha revelado a ninguém, nem sequer a uma pauta musical! E ainda nem estava terminada...


Hugo torna-se então obcecado por esta melodia em Dó sustenido inacabada, chamada Dulcineia e pelo pianista. Alega que este lhe roubou a melodia; ou será que ele é a sua outra metade, o seu gémeo que supostamente deveria ter morrido à nascença? Como é possível um homem desconhecido, tocar algo que está na sua mente, sem tirar nem pôr?

  Como e porquê não vos posso desvendar! Na segunda parte deste livro lemos a versão da história por parte do pianista, que parece ser uma história relatada de um amigo do autor, seu amigo próximo - sendo esse amigo o pianista... Será verídica? Pesquisei mas nenhum site o dizia... Deixo então o suspense!




É uma história obscura que confunde a realidade com o irreal. Confunde-nos e faz-nos pensar na razão da nossa existência. Põe em evidência o facto de não sermos únicos - de termos uma outra metade, por aí... Levanta questões filosóficas sem qualquer resposta aparente - são as mais difíceis as questões filosóficas! Recomendo vivamente a leitura deste livro.


"Era espantoso como, tocando aquela música por vezes melodiosa, por vezes caótica, amiúde dissonante, Stockman conseguira um segundo lugar na tabela de vendas. Era um prodígio da imaginação.
  A imaginação de um ladrão, pensou Hugo."


"Não se sentia louco; não se considerava louco, pelo contrário: sentia-se à beira de alguma coisa importante, na vertigem de uma descoberta. Mas seria possível, contudo, que os progressivamente loucos se julgassem progressivamente sãos?"

Espero que tenham gostado!
Aproveitem o sol de hoje e tenham o resto de um bom fim de semana.

domingo, 3 de maio de 2015

All The Bright Places, de Jennifer Niven

Boa noite a todos!

Hoje quem vos escreve é a Raquel! Trago-vos um dos melhores livros que li nos últimos tempos: All The Bright Places.
É um livro bastante recente - foi publicado apenas no início deste ano - e, por isso, ainda não existe traduzido para português.

É o primeiro livro da categoria de jovens adultos que Jennifer Niven escreve, embora já tenha escrito quatro romances para adultos, três livros verídicos e um livro de memórias.
All The Bright Places deu origem à sua revista online: GermMagazine.com.
O livro é resumido pela frase: "A história de uma rapariga que aprende a viver com um rapaz que quer morrer."

Theodore Finch é um rapaz genuíno, interessante e diferente, que quer tirar a sua própria vida, pois acredita que o seu papel no mundo tem um fim próximo.
Violet Markey é uma rapariga popular, inteligente e divertida que 'perde' todas estas qualidades com a morte da sua irmã Eleanor. Violet fica devastada e sente que não há mais nenhuma razão para estar viva, agora que a sua irmã já não está com ela.

Estes dois adolescentes conhecem-se na torre do sino da sua escola e, com muito tempo juntos, aprendem lições de vida um com o outro.
Theodore Finch é o verdadeiro moralizador desta história. Ao longo do livro, constrói como que um Guia para Viver, que pode ser seguido à risca por todos os que lerem este livro. Assim, Violet Markey descobre o sentido da vida e como seguir em frente.

Um romance improvável mas inspirador, divertido e real - não no sentido de que aconteceu realmente, mas no sentido de que pode acontecer. Faz-nos rir, chorar e pensar seriamente na nossa própria vida e na das pessoas que nos rodeiam. Como primeira lição do livro, posso dizer que se todas as pessoas lessem este livro, talvez percebessem o que é a vida e qual é a melhor maneira de a viver. É possível viver com as tragédias e é possível ser feliz após as mesmas.

Como segunda lição da história, eu pergunto: é a morte mesmo o fim?

Deixo-vos com esta questão e com o desafio de lerem All The Bright Places e aprenderem a viver mais felizes. Eu aprendi muito com o livro e gostava de passar a mensagem por muita gente.
Talvez daqui a uns meses o livro seja traduzido e possa espalhar-se ainda por mais pessoas - eu espero que sim.

Então, espero que gostem e deixem aqui as vossas opiniões!


«You are all the colors in one, at full brightness.»