O que nos trás por cá?

O que nos trás por cá?

Desde já, bem-vindos(as) à Nossa Biblioteca! Tal como o nome indica, neste blog iremos falar de livros, escritores e da arte de escrever. Se quiserem saber mais acerca de quem vos escreve, consultem as páginas abaixo. Somos, acima de tudo, duas raparigas apaixonadas por este mundo imaginário, mas por vezes real, que é a escrita. Decidimos então juntar-nos e criar um blog para vos dar a conhecer o que andamos a ler! Esperamos que gostem deste nosso projecto. Como costumam dizer que "somos o que comemos", nós por cá dizemos "somos o que lemos!".

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Se Isto é um Homem, de Primo Levi

Olá, olá!

É a Márcia quem vos escreve hoje! Acabei recentemente de ler o livro "Se Isto é um Homem", de Primo Levi. Foi um químico e escritor que nasceu em Turim e esteve prisioneiro no campo de Auschwitz por ser judeu. Este livro relata tudo o que passou no campo. Dos 650 judeus italianos enviados para Auschwitz com Primo Levi, apenas 20 sobreviveram... Devo confessar que não foram poucas as vezes que chorei, principalmente no início do livro.


 As condições que passaram no campo foram desumanas e o sofrimento deste homem, e de outros tantos, sente-se a cada palavra deste livro. 
Consta que Levi tenha cometido o suicídio por não aguentar viver com a culpa de ter sobrevivido.


"É homem quem mata, é homem quem faz ou sofre injustiças; não é homem quem, perdida qualquer vergonha, divide a cama com um cadáver. Quem esperou que o seu vizinho acabasse de morrer para lhe tirar um quarto de pão está, embora sem qualquer culpa própria, mais afastado do modelo do homem pensante do que o pigmeu mais selvagem e do sádico mais feroz."

 A partir desta citação podemos constatar que estes homens, após uma intensa permanência no campo de concentração, deixam de agir como a sua mente acha correto e humano e passam a viver apenas pela sobrevivência. Ora, isto não é viver como homem. Neste livro é descrito com minuciosidade os esforços e o trabalho escravizado, as doenças e a falta de higiene, os truques de sobrevivência, a culpa e a saudade de ser humano. É um relato que impressiona qualquer leitor.

Na imagem abaixo, podemos ver um monte de roupas pertencente, possivelmente, a falecidos prisioneiros. No inverno sofriam bastante com o frio dado que as temperaturas eram a baixo de zero e, por vezes, só tinham uma blusa e umas calças (se tivessem era uma sorte).



O campo de Auschwitz (penso que é a entrada).

Curiosidade: este ano foi celebrado o 70º aniversário da 2º Guerra Mundial e circulou pela Europa uma Tocha de fogo que foi abençoada pelo Papa Francisco. Essa tocha chegou à minha escola (que privilégio!) e a minha turma foi quem preparou a sua recepção. Cantámos uma música, foi declamado um poema do Primo Levi e eu li uma carta onde o escritor explicava que não devíamos ter ódio aos alemães, apesar de terem causado a guerra e de todos os horrores que provocaram. Foi um momento único que se calhar nunca mais vou reviver e, acima de tudo, emocionante.



A cantar "Va Pensiero", ópera  Nabucco de Verdi

A música que cantámos merece ser ouvida. A primeira vez que a ouvi, arrepiei-me. Tudo isto para relembrar que, por vezes, nos queixamos de pequenas coisas insignificantes que parecem ter a maior importância do mundo e, quando lemos este livro e relembramos os horrores das guerras, constatamos que os nossos problemas não passam de uma pequena gota de água num extenso oceano.

Aqui vos deixo a música:



Espero que tenham gostado!

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